Uma pequena viagem no tempo e pela evolução da máquina de costura.
Como a vida mudou nos últimos anos, não é mesmo?! A tecnologia vem mudando de forma tão rápida que nos deixa ressabiadas e entusiasmadas ao mesmo tempo. Vamos embarcar juntos em uma viagem no tempo e ver como a tecnologia evoluiu, o quanto as mudanças foram assustadoras no início e bençãos após sua devida apropriação.
Você sabia que o alfaiate que patenteou a primeira máquina de costura lá na França em 1830 teve sua fábrica destruída por uma multidão de alfaiates revoltados com sua invenção?! Aquela nova tecnologia era assustadora demais.
No entanto, conforme o tempo foi passando, várias empresas começaram a comercializar máquinas e o preço foi ficando acessível. A velocidade em que uma roupa era costurada a máquina compensava as horas de costura feitas a mão, passando de odiadas a queridinhas.
A produção de máquinas de costura domésticas foi interrompida na Europa e nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, quando maquinistas experientes e fabricantes de ferramentas foram transferidos para a produção de guerra.
Depois das duas guerras mundiais as roupas prontas (prêt-à-porter) começaram a estar mais disponíveis e com preços mais acessíveis. O que foi bom para o consumidor final, não foi tão favorável assim para as costureiras domésticas. As organizações e grande indústria da moda focaram suas atividades na diferenciação dos produtos, investindo mais nas etapas de design, marketing e organização da produção.
No final dos anos 1970 e início dos anos 80 surgiram máquinas de costura automáticas ou eletrônicas nos Estados Unidos. Aqui no Brasil elas chegaram anos mais tarde. A costureira com essas máquinas pode facilmente fazer costuras e bordados sofisticados, no entanto o preço delas ainda é bem salgado não estando ao alcance da maioria das costureiras.
Na indústria há uma quantidade enorme de tipos de máquinas de costura. Para as costureiras domésticas atualmente encontramos máquinas tipo overlock e galoneiras. Elas são máquinas que costuram e chuleiam as peças. Trabalham com quatro fios ou mais e possuem preço mais elevado que as máquinas mecânicas, mas são o sonho de muitas costureiras.
Não só de máquinas de costura vivem as costureiras, não é mesmo?! Outras tecnologias também vem sendo cada vez mais usadas. Os moldes de roupas que vêm em revistas são um exemplo. E não é de hoje que essa tecnologia é utilizada pelas costureiras, não é mesmo?! Há décadas as costureiras extraem moldes para confeccionar roupas para suas clientes. Essa tarefa requer estudo e prática, mas que, quando obtidas, valem a pena. Para riscar o molde no tecido também houve uma evolução na tecnologia. Além do giz encontramos as canetas fantasminhas, que apagam com o calor do ferro de passar e as canetas hidrossolúveis, que apagam quando o tecido é lavado, mas não apagam com o calor.
Houve também uma evolução bastante significativa nas tecnologias para produção de tecidos. São tantas as variações que vale a pena um texto somente para isso.
Encontramos tecidos com proteção UV, tecidos sintéticos produzidos com PET, a viscose que a matéria prima não é o algodão e sim a celulose, dentre muitos outros.
A chegada da pandemia em 2020 tem forçado algumas mudanças. Agora as costureiras têm ao seu alcance aulas no YouTube, cursos online de como costurar (CMC da Diana Demarchi é um exemplo. Eu sou da primeira turma!), como usar sua máquina de costura e muitos outros. Essas mudanças estão sendo possíveis na velocidade que estão acontecendo por conta de outras tecnologias, que são: a Internet de alta velocidade; os celulares e suas memórias cada vez maiores.
E o que será que vai vir daqui a diante?! Vamos sonhar um pouco com quais tecnologias podem se tornar acessíveis para nós costureiras?! Seria bem bacana se o celular pudesse projetar o desenho do molde diretamente no tecido para nós só recortarmos, não!? Seria bem bacana de nós mostrássemos uma foto e o molde fosse gerado automaticamente com as nossas medidas. E você? O que você sonha em usar como tecnologia na costura em um futuro próximo?
Aline Manhães Gesualdi é engenheira eletrônica, professora do CEFET-RJ, CTO da Almedia Tecnologia, Costureira de Mão Cheia e uma entusiasta da tecnologia aplicada ao mundo da costura.