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A artista que arrancou os aplausos e o clamor da plateia

Luna Fharia, artista, costureira em sua marca Lun’art e mentora do IDD, foi mais uma incrível CMC que desfilou sua arte no IDD Fashion Day. Com seus looks artísticos e de deixar todos de queixo caído, Luna mostrou suas criações únicas.

Para contar sua história, ela mesmo quis dizer um pouquinho sobre si, por isso segue abaixo um pedaço do mundo da Luna:

A minha história de vida com a costura começou desde muito pequena, aos 6 anos eu já ajudava a minha avó a tecer passamanarias. Tenho muitas lembranças de correr no corredor da minha casa com os fios para esticá-los e depois fiá-los com fusos.

A costura e o artesanato em geral fizeram parte da minha vida ao longo de toda a minha jornada até aqui, só que não era como uma profissão para mim. De formação acadêmica, sou bailarina e professora de balé formada pelo Royal em Paris, sou atriz formada pela ECA na USP, professora de arte cênica e artista circense formada pelo Circo Escola de São Paulo.

Enquanto estudava, eu já trabalhava com dança, espetáculos, shows, inclusive com apresentações circenses para o Beto Carreiro. Já mais velha, na faixa dos 30, tive minha filha e a partir daí comecei a exercer a função de professora na minha área, trabalhava com escolas privadas e públicas e dava aulas particulares em casa.

Mas a vida passa, os anos passam, a maior idade chega, e nós já não somos mais as mesmas pessoas, nem temos os mesmos corpos e nem a mesma vivacidade. Foi quando aos 45 anos sofri uma fratura no quadril que me impediu de continuar dando aula e dançando, foi aí que meu mundo caiu! Sim! Prostrada numa cama por vários meses sem poder andar, me vi perdida e desempregada com dois adolescentes e uma casa para sustentar sozinha.

Mas, como uma boa guerreira que sou, não desisti! Fui procurar como ganhar a vida em casa. Daí saí olhando tudo dentro da internet pra ver o que eu poderia fazer e resolver a situação. A primeira pessoa que me acendeu uma luz foi Fernanda Herthel, pois eu sempre gostei muito de bordar e já sabia fazer isso muito bem, e logo na sequência a Diana Demarchi, minha musa inspiradora na costura.

Então pensei: ‘Mãos à obra! Ver o que tenho aqui e ver o que consigo com isso. (risos)’. Assim, com uma maquininha antiga de pedal, restos de coisas do passado, incluindo a cortina do desfile (risos), pedrarias, enfim peguei esse monte de cacarecos e tralhas. E como eu já sabia costurar, porque aprendi entre 7 e 8 anos com a minha avó, fui estudar, afinal de contas, dos 7 aos 50 muito tempo se passou!

E foi então que o CMC entrou na minha vida. A Diana, minha musa inspiradora da costura, passou a ser uma amiga muito presente e amada por mim até chegar aqui. Ela viu que eu tinha potencial, acreditou em mim e nos meus talentos, e me abriu a chance de ser a primeira mentora do IDD, cargo esse que tenho muito orgulho de executar e prezo muito, e de lá para cá foram muitos acontecimentos e crescimento.

Hoje sou empreendedora, tenho meu ateliê, minha página no Instagram e por aí vai! E para fechar com chave de ouro a minha história, veio o IDD Fashion Day que me abriu algumas portas. Agora no começo do ano, janeiro de 2023, recebo pela Faculdade Brasileira meu certificado como modelista!

E assim, entre altos e baixos no decorrer da vida fazemos carreira, acumulamos memórias, nos moldamos, nos adaptamos com o novo ‘normal’. E sim, podemos ser independentes, trabalhar no que quisermos, quando e como quisermos. Basta ir em busca do conhecimento e botá-lo em prática!

                 

Agora que vocês já conheceram a Luna, vamos para as peças apresentadas no desfile, com a Lun’art Collection, também, abreviadamente, pelas palavras de sua criadora.

– O poder do Hóng sé (Rung Sã): Com design romântico, a primeira cor originária do mundo, vinda desde o período neolítico (a mais de 7 mil anos a.C), encontrado por arqueólogos na China. Vermelho! Como não amar? Afinal, o vermelho representa o amor, a força, o poder e o calor. Hoje continua sendo ícone de desejo e é trazido para essa passarela em design antigo, porém com um toque atual. Para este vestido, utilizamos um cetim charmouse (uma das mais baratas qualidades desse pano), voil, crepe de voil e sianinhas. E para vocês, a nossa versão do tapete mais cobiçado do mundo, Red Carpet, para o corpo da mulher moderna, em um design monocromático e degradê.

                                 

– Relicário: A peça intitulada Relicário, traz com ela pedaços de história tanto da estilista, quanto dos materiais usados para criá-la. Confeccionada do reaproveitamento de vários tipos de jeans, incluindo calças fabricadas a partir da década de 80, o sacrário modelo vem mostrar a importância do quanto é valioso o nosso passado, com toque de moda atual, unindo os conceitos: fotográfico, têxtil e pessoal. Com detalhes em pedrarias acrílicas, passamanarias plásticas derivadas do reaproveitamento de garrafas pet, colas atóxicas e muitas lembranças. Um figurino faustoso que conta na passarela através de suas imagens, a arte de bordar manualmente com feitio de modelagem antiga, une o passado e o presente num design protuberante da famosa manga Pata de Carneiro e o oblíquo volume dos babados, conta uma história de vida, através de suas fotos.

                             

– Mariée gothique (marriê gotique): O conceito de moda vem quebrando tabus ao longo dos anos, trazendo em cada modelo: história, cultura, clareza e abertura de mente. No final da Idade Média na França, criado por Abade Surger, o estilo gótico se deu origem. Diferente do que muitos imaginam, o estilo gótico vem trazer espaço para preenchimento de luz divina, uma vez que o próprio Abade ampliou a Igreja de Saint-Denis dentro do estilo gótico. Para este modelo, a figurinista optou por usar retalhos de tecidos para forragem de sofás, tule, rPET(poliéster feito a partir de garrafas pet), correntes e pedrarias acrílicas. Trazendo assim, uma noiva moderna e estilosa, a estilista busca trazer neste modelo uma noiva gótica (mariée gothique), mostrando que nem sempre a pureza está num vestido branco.

                 

– Mademoiselle O’hara: Ícone dos cinemas em 1939, Scarlett O’Hara no filme E o Vento Levou, inspirou centenas de mulheres, mostrando que o luxo está nos lugares mais inusitados possíveis. Neste figurino, a inspiração vem de Hollywood. Quem nunca sonhou em ter um vestido luxuoso em meio a cortinas e bandôs? Sim senhoras e senhores, cortinas e bandôs! A cortina de renda sintética utilizada na saia foi comprada em 1980 na Antiga Casa X em Porto Alegre, o que nos faz pensar que este vestido está confeccionado com uma cortina de 42 anos de existência! Toda a pedraria foi bordada à mão com lantejoulas e canutilhos, estes, sobras de carnaval de 1984, quando a escola de samba Rosas de Ouro ganhou seu bicampeonato, carregando em seus adereços, esses mesmos canutilhos. Isso mesmo pessoal, sobras de um carnaval do século passado! E assim, agregando falsos cirrês, falsos lamês e um toque de sutileza, se fez a nossa Mademoiselle O’Hara, sustentada por um saiote de aro vitoriano, confeccionado em tecido de poliéster e aro de ferro achatado revestido na cor branca e um saiote com pano de fundo em TNT. Scarlett O’Hara nos deu uma lição: tirou com suas próprias mãos o sustento da sua terra, e encerrou a sua vitória com a tão famosa frase “Nunca mais sentirei fome novamente!”.

             

– Misteriyas Phlaibelam (mistírias flabélam): Dos mistérios da Índia para o frenesi do design! Encerrando o desfile da Lun’art Collection com peça intitulada de Misteriyas Phlaibelam (Misterioso Leque), traz com ela muito mais que simbologia e beleza. Originalmente, tem como base as características do pavão oriundo da índia, que significa: poder, bondade, paciência, prosperidade e bem aventurança- concedida por Lakshimi (deusa hindu). Nesta peça, visando não somente a beleza, mas principalmente o custo-benefício, foram utilizados materiais de segunda linha como: penas artificiais de peru tingidas, chatons de acrílicos nacionais, restos de malha, paetês, lantejoulas nacionais e tecidos imitando cirrê, organza e renda. Um figurino é muito mais que apenas uma indumentária, um figurino traz com ele um contexto em cada alinhavo e em cada laçada, uma história. Gratidão Lakshimi!

                       

Aqui se encerrando as palavras da Luna, relembramos o seu desfile que foi cheio de poses, caras e bocas, sorrisos, aplausos e clamores. Para Luna, que é um show de uma pessoa só, desejamos muito mais sucesso e portas abertas!

Acompanhe no Instagram @lunart_atelier e @lunafhariamentoriaidd

Já já conheceremos a última CMC participante do IDD Fashion Day, até breve!

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